POR: JOÃO CÉSAR LIMA JÚNIOR
Para um público de mais de 100 pessoas, a Defensoria Pública do Estado (DPE/MA), por meio do Núcleo de Defesa da Mulher e População LGBT e da Escola Superior, promoveu o debate “Controle do Corpo da Mulher e Feminicídio”, nesta sexta-feira (07). O evento também foi transmitido em tempo real via Youtube, possibilitando o acompanhamento das discussões sobre estratégias que favoreçam a construção de uma cultura de respeito às questões de gênero e à valorização da vida das mulheres. Durante a abertura do evento, realizada no auditório da DPE/MA, a diretora da Escola Superior, a defensora pública Cristiane Marques Mendes, ressaltou o compromisso da Defensoria em suscitar discussões ampliadas quanto ao tema, destacando também a iniciativa da instituição de implementar medidas internas de prevenção e de sensibilização, com o intuito de promover momentos de reflexão compartilhados por defensores, servidores e demais colaboradores. “É um momento de reflexão e de união para que possamos sensibilizar a sociedade que a mulher tem o direito à vida, a sua sexualidade e à liberdade de expressão”, destacou. O debate foi conduzido pela defensora pública Lindevania Martins, que iniciou os trabalhos prestando uma homenagem à jovem Bruna Lícia, assassinada, recentemente, por seu ex-companheiro em São Luís. Durante seu discurso, traçou um panorama sobre a violência feminina no país e também um histórico sobre a chamada cultura do patriarcalismo desde os primórdios da sociedade. “Infelizmente vivemos em uma sociedade marcada pelo machismo, pela chamada cultura patriarcalista, que sustenta uma pretensa superioridade do homem em detrimento da mulher. Neste contexto, no Brasil não é diferente, inclusive é ainda mais exposta e incentivada e é contra isso que lutamos diariamente, visando reduzir tais atos”, explicou Lindevania. A delegada coordenadora das Delegacias de Atendimento e Enfrentamento à Violência contra a Mulher (Codevim), Kazumi Tanaka, falou um pouco sobre a atuação do órgão na proteção da mulher e também sobre os serviços prestados na Casa da Mulher Brasileira, os quais visam reduzir a revitimização e a “rota de crítica” que é o trajeto que a mulher em vulnerabilidade faz até conseguir ajuda em órgãos de proteção mantidas pelo Estado. A psicóloga Calíope Almeida falou, dentre outras coisas, sobre moral, sexualidade e a maneira como as regras e costumes foram incutidos na sociedade e estimulados de maneira diferente entre homens e mulheres. Em sua participação, a ouvidora-geral Marcia Maia falou sobre a responsabilidade compartilhada na desconstrução da cultura machista, considerado a participação dos homens de grande importância nesse processo. Por fim, a assistente social Sílvia Leite observou a importância de levantar a questão da violência contra a mulher sob uma perspectiva racial, enfatizando que são as mulheres negras as maiores vítimas da violência. Todos os assuntos foram amplamente discutidos e com participação ativa da plateia. Também integraram as discussões a procuradora da Mulher na Câmara de Vereadores, a vereadora Bárbara Soeiro; a juíza da 2ª Vara Especial de Combate à Violência em exercício, Maricélia Goncalves; a diretora da Casa da Mulher Brasileira, Susan Lucena; a equipe de trabalho da Casa Abrigo; o psicólogo Raimundo Ferreira, que atua junto ao Grupo Reflexivo de Homens, do Poder Judiciário; representantes da Plan International, além de professores universitários, dentre entre outros.
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